Tuesday 15 September 2009

arte educação

Kunstatelier (Amsterdam- NL) Artzuid


Gostar de arte é algo que se aprende, não vem pronto, como uma preferência.
É um aprendizado, assim como entender e decifrar os códigos de leitura e aprender a ler, aprender os códigos visuais requer uma aproximação lenta e gradativa. É um passo-a-passo que deve ser iniciado na infância com o mesmo rigor e comprometimento de outras áreas do saber. Na escola e em casa. Mas esse aprendizado deve começar necessariamente preparando o olhar, aprendendo a ver. O olhar treinado vê mais longe e melhor, vê sutilezas e meandros. Faz leituras que vão além das aparências, graças a penetração de seu conhecer. Mergulha além e aquém do verniz e da superfície das coisas. Entrar em contato com obras de arte desde o início faz toda a diferença, e vai preparando o caminho, organizando o pensamento para o conhecimento estético futuro. Forma uma concepção humanista da vida, relaciona o nosso estar no mundo, lapida o que há de melhor em nós. A arte tem esse alcance, nos possibilita entrar em contato com a parte mais sutil e sensível do nosso ser. Nos torna melhores e mais preparados para o convívio com o outro, pois desperta a humanidade que existe em cada um e que nos torna "linkados" um ao outro, na mesma grande teia cósmica.
Apresentar a arte - nas suas diversas modalidades - para as crianças , inicia uma base, constrói os alicerces sobre o qual vai se arquitetando todo o conhecimento estético vindouro e a personalidade da criança e toda sua auto-expressão.
Música, dança, teatro, artes plásticas, literatura, são modalidades artísticas que devem ser introduzidas aos poucos e de acordo com a idade da criança e seu interesse natural por elas.
Por si só já são acontecimentos lúdicos, que falam diretamente ao lúdico mundo da criança, o que facilita a aproximação. As duas linguagens são paralelas. Envolver as crianças nesse mundo de cores, formas e ritmos é falar diretamente ao seu mundo ( guardadas as devidas diferenças entre a sofisticada linguagem da arte e a pedagógica linguagem infantil).
Desde cedo, aprendem pela própria experiência noções de espaço, ritmo e formas: o que é alto - baixo, frio - quente, longe - perto; dançam no embalo da música, despreocupada e livremente; adoram as cores e se lambuzar de tinta; fazer colagens; explorar os materiais e suas texturas. Os recursos dos quais a arte se utiliza, são familiares ao universo infantil.
Disponibilizar esses recursos, viabilizar oportunidades de contato com o rico universo da arte, é caminho seguro para a formação do intelecto e do despertar de todas as forças criativas que habitam a criança.
Atividades que promovam o contato com a música, tintas e pincéis, papéis de diferentes texturas, materiais para colagem, livros coloridos, histórias contadas oralmente. Existem muitas maneiras de promover atividades que possam exercitar o pensamento artístico e proporcionar uma inclusão no mundo da arte.
A escola tem um relevante papel nessa empreitada, e como tal primeiramente, deveria reconhecer a arte como importante área do conhecimento humano, e não somente como atividade recreativa e decorativa. A sala de aula deve ser um espaço, tal qual o atelier do artista, o laboratório do cientista, ou o palco de representações do teatro. Uma oficina de criações e possibilidades. Deve abrir espaço para o acontecimento da criatividade e expansão do conhecimento criativo.
Algumas escolas e políticas públicas aplicam essa abordagem do ensino da arte de modo eficiente e criativo. Viabilizando a prática artística de modo experimental, onde a criança sente-se estimulada e valorizada em sua auto-expressão, capacidade de imaginação e invenção.
Nos países mais desenvolvidos, essa é uma prática corriqueira e comum nas ecolas. O ensino da arte, está lado a lado com outras matérias do conhecimento. Além do que, as crianças tem a oportunidade de ver "in loco" as obras de arte, visitando os museus onde estas se encontram. Os museus por sua vez, disponibilizam atividades como oficinas de arte e outras atividades como iniciação aos pequenos.Primeiro a visita guiada às obras e logo depois uma oficina prática.
Estimular o ensino da arte sob essa perspectiva, torna os espaços por ela ocupados mais vivos e dinâmicos.
Conduzindo as crianças a serem agentes produtores de um novo conhecimento, agentes transformadores de seu próprio tempo e espaço.
Amst, 16 set 2009.

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